CIÊNCIA CIDADÃ EM DESASTRES HIDROLÓGICOS - INICIATIVA APLICADA ÀS ENXURRADAS E INUNDAÇÕES DE SETEMBRO DE 2023 E MAIO DE 2024 NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS/RS

Sofia Royer Moraes, Walter Collischonn, Lucas George Wendt, Leonardo Laipelt, Rafael Rodrigo Eckhardt, Fernando Mainardi Fan, Rodrigo Paiva, Masato Kobiyama

Resumo


A ciência cidadã envolve a participação da comunidade na coleta, compartilhamento e análise de dados científicos em colaboração com pesquisadores, contribuindo para a geração de informações, estudos e apoio na resolução de problemas complexos e multifatoriais, como aqueles relacionados com desastres naturais. A Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas (BHTA), uma das sub-bacias da Região Hidrográfica do Guaíba (RS), tem um longo histórico de ocorrência de enchentes, inundações e enxurradas, que fazem parte da morfodinâmica natural, mas que também resultam em impactos e danos materiais recorrentes sobre infraestruturas, cidades, usos agropecuários, com consequentes e recorrentes prejuízos materiais e econômicos. Nos dias 04 e 05 de setembro de 2023 e 01 e 02 de maio de 2024, ocorreram duas das maiores inundações no Rio Taquari-Antas desde 1939, quando iniciou o monitoramento sistemático dos níveis do referido rio em diversas cidades, afetando extensas áreas no Vale do Taquari. Este artigo descreve uma iniciativa de ciência cidadã em desastres naturais fomentada pela UNIVATES e pelo IPH-UFRGS, que contou com a participação ativa e voluntária da população local para marcar os locais atingidos pelo pico das inundações nas cidades localizadas entre Santa Teresa e Taquari. A comunidade foi orientada a marcar a sua localização atual no local onde ocorreu o pico da inundação com seu smartphone, utilizando o clipe do aplicativo WhatsApp e enviando essa localização para um número de celular do IPH-UFRGS. Como principais resultados, destaca-se a participação de 190 pessoas, que enviaram a localização de 820 locais atingidos pelo nível máximo da inundação de setembro de 2023 e de maio de 2024 na BHTA. Utilizando o escopo da ciência cidadã e de softwares especializados de hidrologia e geoprocessamento, foi possível utilizar as marcações enviadas pela comunidade para gerar e validar um mapa regional da mancha de inundação, melhorando os detalhes, a qualidade e a fidelidade do mapeamento para servir de insumo para ações de prevenção, contingência e gestão de desastres, além de planejamento urbano e regional.


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