Óbitos infantis evitáveis no Rio Grande do Sul: diferenças entre os períodos neonatal e pós-neonatal

Renata Oliveira Jung, Marilyn Agranonik

Resumo


O objetivo deste estudo é avaliar a evolução das principais causas evitáveis da mortalidade infantil e seus componentes (neonatal e pós-neonatal) no Estado do Rio Grande do Sul, entre 2000 e 2014. Foram avaliadas as tendências das taxas de óbito (total e por faixa etária) e das proporções de cada grupo de causa evitável em relação ao total de óbitos. Houve uma redução na taxa de mortalidade infantil (TMI) de 15,2 para 10,7 por 1.000 ao longo do período no Estado. A parcela da mortalidade infantil devido a causas evitáveis caiu de 70,0% para 63,8%. As principais causas evitáveis foram aquelas preveníveis por adequada atenção à mulher e ao recém-nascido, correspondendo, conjuntamente, a 50,6% das mortes em 2000 e 53,5% em 2014. Nota-se uma queda importante na participação de causas relacionadas a ações adequadas de diagnóstico e tratamento e a ações de promoção à saúde, vinculadas a ações de atenção à saúde: de 9,5% e 9,8% em 2000 para 5,3% e 4,9% em 2014 respectivamente. Ao longo do período, os óbitos evitáveis por ações de imunoprevenção constituíram menos de 0,5%. Comparando os óbitos ocorridos nos períodos neonatal e pós-neonatal, verifica-se uma estrutura diferente para os grupos de causas de óbito. Os óbitos evitáveis representaram 71% dos óbitos neonatais e apenas 48% dos pós-neonatais em 2014. Além disso, mais de 98% das mortes neonatais por causas evitáveis são preveníveis por adequada atenção à mulher e ao recém-nascido, enquanto esse grupo equivale a aproximadamente 35% dos óbitos pós-neonatais. Embora a TMI do Rio Grande do Sul seja uma das menores do Brasil, os óbitos evitáveis ainda são o principal aspecto da mortalidade infantil, especialmente aqueles relacionados à atenção à mulher e ao recém-nascido. Portanto, é necessária especial atenção à qualidade dos cuidados de saúde prestados tanto à mãe quanto ao recém-nascido, além de aumento dos investimentos em tecnologias e recursos humanos voltados para o cuidado perinatal.

Palavras-chave: causas evitáveis de mortalidade; tendência; mortalidade infantil


TÍTULO EM INGLÊS

Infant mortality due to avoidable causes in the State of Rio Grande do Sul: differences between the neonatal and postneonatal periods


Abstract

The aim of this study is to evaluate the trend of the infant mortality rate (IMR) according to avoidable causes and age groups (neonatal and postneonatal) in the State of Rio Grande do Sul, Brazil, between 2000 and 2014.The time trends were analyzed for overall rates and according to avoidable causes and age groups. There was a reduction in the IMR from 15.2 to 10.7 per 1,000 throughout the period. The fraction of the infant mortality due to avoidable causes dropped from 70.0% to 63.8%. The main avoidable causes of death are those preventable by adequate attention to women and to proper care for the newborn, which together comprehended 50.6% of all deaths in 2000 and 53.5% in 2014. There was a major decrease in the share of causes related to appropriate diagnosis and treatment and due to adequate health promotion linked to health care actions: from 9.5% and 9.8% in 2000 to 5.3% and 4,9% in 2014, respectively. Deaths avoidable through immunizing measures represented less than 0.5% over the period. There is a different structure of death causes when comparing those occurred in the neonatal and in the postneonatal periods. Avoidable causes accounted for 71% of neonatal deaths and only 48% of postneonatal deaths in 2014. Besides, over 98% of neonatal deaths from avoidable causes are preventable through adequate attention to women and newborn care, whereas these causes stand for around 35% of postneonatal deaths. Although Rio Grande do Sul shows one of the lowest IMRs in Brazil, avoidable deaths are still the main aspect of infant mortality, especially those related to attention to women and to the newborn. Therefore, special concern to the quality of health care provided to both mother and newborn and investments in technologies and human resources aimed at perinatal care are required.

 

Keywords: avoidable causes of death; trends; infant mortality

 

Classificação JEL: I12, I15

Artigo recebido em 22 set. 2017.



Palavras-chave


causas evitáveis de mortalidade, tendência, mortalidade infantil

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ISSN 1806-8987