AJUSTE METODOLÓGICO NAS VARIÁVEIS PARA A OBTENÇÃO DO ÍNDICE DE GEODIVERSIDADE NO MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO DO SUL (BRASIL)

Autores

  • Vinícius Bartz Schwanz Universidade Federal de Pelotas
  • Ândrea Lenise de Oliveira Lopes Universidade Federal de Santa Maria
  • Roberto Luiz dos Santos Antunes Universidade Federal de Pelotas
  • Adriano Luís Heck Simon Universidade Federal de Pelotas
  • Gracieli Trentin Universidade Federal do Rio Grande

Resumo

A geodiversidade é reconhecida como a diversidade abiótica de uma determinada paisagem e sua avaliação é possível a partir de métodos quantitativos, qualitativos e quali-quantitativos. Dentro da perspectiva quantitativa, as metodologias de avaliação por meio de índices ganham destaque, pois permitem a identificação de áreas onde a geodiversidade possui alta variabilidade espacial de seus elementos (geologia, geomorfologia, hidrografia e pedologia). O objetivo do presente trabalho é propor e discutir ajustes metodológicos para a obtenção do índice de geodiversidade para o município de São Lourenço do Sul (Brasil). Assim, através da aplicação metodológica de Forte et al. (2018) foi possível a obtenção de um índice de geodiversidade para a área de estudo. Após a obtenção dos resultados iniciais derivados da quantificação da geodiversidade foram realizados trabalhos de campo, onde foi verificada a necessidade de ajustes ao método de mensuração utilizado, em especial nas variáveis geologia, geomorfologia e hidrografia. Os ajustes destas variáveis se deram a partir da diferenciação das condições abióticas entre a Unidade da Paisagem Planalto e Unidade da Paisagem Planície. Estas diferenciações geram distintas respostas nas variáveis que compõe o índice de geodiversidade. Os resultados evidenciaram que os ajustes metodológicos permitiram a obtenção de produtos cartográficos mais coerentes com a realidade físico-ambiental do município de São Lourenço do Sul, reforçando a importância do trabalho de campo, principalmente nos aspectos que compreendem a verificação e escolha adequada das variáveis a serem utilizadas, bem como nas ferramentas de processamento em ambiente SIG. O índice de geodiversidade pode orientar na tomada de decisão voltada à gestão territorial, assim evidenciando a importância destes produtos cartográficos, baseados em variáveis que representam o mais próximo da realidade da área a ser estudada. 

Biografia do Autor

  • Vinícius Bartz Schwanz, Universidade Federal de Pelotas
    Graduado em Gestão Ambiental na Universidade Federal do Rio Grande, FURG, Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Pelotas, UFPEL. Doutorando Em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria. Colabora em pesquisas nas seguintes temáticas: Geografia Física; Geotecnologias; Geodiversidade; Geomorffologia; Geomorfologia Antropogênica.
  • Ândrea Lenise de Oliveira Lopes, Universidade Federal de Santa Maria
    Bacharela (2014) e licenciada (2018) em Geografia pela Universidade Federal de Pelotas. Mestre em Geografia (linha de pesquisa "Análise Ambiental") pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pelotas (2017). Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria na linha de pesquisa de "Dinâmicas da Natureza e Qualidade Ambiental do Cone Sul".Colabora nas seguintes temáticas: Geografia Física; Geocartografia; Planejamento Ambiental; Conservação da Natureza e Geoconservação.
  • Roberto Luiz dos Santos Antunes, Universidade Federal de Pelotas

    Geógrafo (CREA-RS 170729), com graduação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia - ênfase em Analise Ambiental, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com participação em projetos e pesquisas no Laboratório de Geoprocessamento e Análise Ambiental (LAGAM), do Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia (CEPSRM). Doutor em Geografia Física pela Universidade de São Paulo (USP), sob orientação do Prof. Dr. Jurandyr Luciano Sanches Ross. Atua nas áreas de Topografia (trabalhos realizados de Georreferenciamento de propriedades Rurais e Levantamentos Topográficos); Cartografia; Consultoria Ambiental (Licenciamentos Ambientais, Planos de recuperação de áreas degradadas, Laudos de caracterização Físico/Ambiental, Estudo de viabilidade ambiental e Avaliação de Impacto Ambiental-AIA); Sensoriamento Remoto (Elaboração de Mapas Temáticos com softwares de geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, processamento digital de imagens de satélites, índices de vegetação e técnicas de combinação de bandas espectrais/Componentes Principais); Geomorfologia (Análise integrada da paisagem e métodos de interpretação de formas de relevo e unidades de paisagem) e Geologia. Foi docente do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), na Escola de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia da Informação e professor substituto no Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente (IGDEMA), da Universidade Federal de Alagoas. Atualmente é professor adjunto do Instituto de Ciências Humanas (ICH), da Universidade Federal de Pelotas.

     
  • Adriano Luís Heck Simon, Universidade Federal de Pelotas
    Professor Associado III na Universidade Federal de Pelotas, onde atua nos cursos de Graduação em Geografia (Licenciatura e Bacharelado) e Pós-graduação em Geografia (Mestrado). Atua como professor colaborador junto ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde orienta pesquisas em nível de mestrado e doutorado. Foi Coordenador do Curso de Especialização em Geografia (2013-2014), Coordenador Adjunto do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFPEL (2014-2016) e (2018-2020), Coordenador do Programa de Pós-graduação em Geografia da UFPEL (2016-2018) e Chefe do Departamento de Geografia da UFPEL (2020-2022). Possui graduação em Geografia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Mestrado e Doutorado em Geografia (Organização do Espaço) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/IGCE/Rio Claro). Tem experiência na área de Geografia Física, com ênfase em Geomorfologia Aplicada ao Planejamento Ambiental, atuando principalmente nos seguintes temas: Geodiversidade, Patrimônio geomorfológico e Geoconservação; Cartografia Geomorfológica e Relações Morfodinâmica X Ocupação e Uso das Terras e Geomorfologia Antropogênica. Desde 2011 coordena o Grupo de Pesquisas em Geomorfologia e Meio Ambiente (UFPel) e é pesquisador vinculado ao Grupo de Pesquisa em Geomorfologia, Geocronologia, Geoquímica e Planejamento Ambiental da UNESP/Rio Claro. Atualmente coordena o Laboratório de Estudos Aplicados em Geografia Física - LEAGEF/UFPEL.
  • Gracieli Trentin, Universidade Federal do Rio Grande
    Graduação em Geografia (Licenciatura Plena) na Universidade Federal de Santa Maria (2006); mestrado em Geografia (Organização do Espaço) pela Universidade Estadual Paulista - Campus de Rio Claro-SP (2008); e doutorado em Geografia (Análise Ambiental e Dinâmica Territorial) pela Universidade Estadual de Campinas (2012). Tem experiência na área de Geografia com ênfase em geoprocessamento. Atua principalmente em temas vinculados a: Análise Espacial, Geocartografia, Sistemas de Informações Geográficas, Sensoriamento Remoto, Modelagem Ambiental e Geodiversidade e Geoconservação. Atualmente é docente do Instituto de Oceanografia - IO, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e atua no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

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Publicado

26-08-2025