Crédito, riqueza e renda: uma revisão das teorias convencionais do consumo

Li­dia Brochier, Ana Rosa Ribeiro de Mendonça

Resumo


Este artigo se propôs a resgatar o debate travado, sobretudo em meados do século XX, em torno das teorias macroeconômicas do consumo e buscou enfatizar como tal debate apreendeu as questões do crédito, da riqueza e da renda disponível. Tais questões são aqui entendidas como centrais na moldagem da dinâmica do consumo nos Estados Unidos desde meados dos anos 1980 até a crise financeira de 2007/08, dinâmica essa marcada pelo consumo crescente das famílias a despeito da estagnação da renda dos salários. Foram analisadas as contribuições e as interpretações acerca desses elementos na obra de seis autores – Keynes, Duesenberry, Modigliani, Friedman, Kalecki e Minsky. Conclui-se que, dado o contexto histórico que mostrava um consumo estável e dependente da renda do trabalho, embora tais elementos estivessem postos nas obras de tais autores, nem o endividamento do consumidor (e das famílias), nem a explicação para tal fenômeno eram enfatizados. A exceção está no trabalho de Duesenberry, cujos conceitos de renda relativa e emulação foram resgatados por autores heterodoxos para explicar, pelo lado da demanda, o descolamento entre consumo e renda na experiência americana recente. Por fim, as ideias apresentadas por Minsky, ainda que voltadas para a fragilidade financeira no setor das firmas, podem ser estendidas ao setor das famílias – e também contribuem para analisar o contexto estadunidense, visto que as famílias foram o epicentro da crise subprime.

Palavras-chave: teorias do consumo; renda disponível; crédito; riqueza; Estados Unidos

TÍTULO EM INGLÊS

Credit, wealth and income: a review of the conventional consumption theories 

Abstract

This paper proposes to bring back the macroeconomic consumption theories' debate, primarily occurred in the mid-twentieth century, aiming at emphasizing how it apprehends the issues of credit, wealth and disposable income. These issues are understood as key elements to shape private consumption dynamics in the United States since the mid-1980s until the 2007/08 financial crisis. Such dynamics has been marked by rising household consumption despite wage income stagnation. Therefore, we analyze the main contributions and insights about these elements in the work of six authors, namely Keynes, Duesenberry, Modigliani, Friedman, Kalecki e Minsky. We conclude that, given the historical context showing a stable consumption and closely dependent on wage income, even if these elements were presented in the referred authors’ works, nor consumer (and household) debt, nor the explanation for this phenomenon were highlighted. The exception is to be found in the work of Duesenberry, in which the concepts of relative income and emulation were recovered by heterodox authors to explain, on the demand side, the gap between consumption and labor income in the recent US experience. At last, the insights provided by Minsky, even if directed towards financial fragility in the firms’ sector, can be extended to the household sector – and contribute to analyze the US context, since households were the epicenter of the subprime crisis.

Keywords: consumption theories; disposable income; credit; wealth; United States

 

Classificação JEL: B29, E12, E21

 

Artigo recebido em abr. 2015 e aceito para publicação em jan. 2018.

 


Palavras-chave


Teorias do consumo; Renda disponível; Crédito; Riqueza; Estados Unidos.

Texto completo:

PDF


ISSN 1980-2668